Lagarta.
Naquela casa sem vida no jardim nenhuma flor restou,
Passou toda a sua vida mal comeu, nem andar: andou.
Havia uma luz tão escondida que nunca alumiou
Atrás dos véus nenhum horizonte e se o sol surgiu
Mal viu, nem sequer as estrelas no céu, ela sentiu.
Toda a vida que viveu parece que se perdeu.
Ali naquele instante seu semblante estremeceu;
Da janela uma faísca clareando o céu num estrondo ela gemeu.
Escondeu nas mãos o rosto que ninguém jamais creu.
A dor que escondia de onde vinha? Ninguém soube.
Só ela, nela, se engranzou. E de asas amassadas, nunca voou.