EU

Eu que vivo no raso e sonho profundo,

que sou uma fraude no meio do mundo,

vivo a esmo, desencontro e primavera...

escrevo alguns versos sobre espera,

não paro para se feliz,

observo o horizonte sob uma outra esfera,

não me mudo de onde estou e nem crio raiz...

Eu que anoiteço pela manhã e à tarde sinto frio,

beijo a parede do meu quarto enquanto aguardo

um próximo cio...

Eu que me desfaço em desafio,

corro ruas à fora à procura de um ninho,

encontro saídas de viela,

mas não encontro o meu caminho.