O Último Poetizar

As palavras aos poucos vão se tornando poucas

os caracteres esbarram sorrateiramente em meu

caráter e me faz apagar, impedir que palavras

se condensem se façam vivas e partes de uma

triste realidade que elas insistem em querer

poetizar e gritar ao mundo em forma de trunfo

dos desesperados o que o amou pode causar.

As palavras as poucos vão se perdendo em meio

a tantas já ditas, escritas e poetizadas em formas

de rima que chocam-se no escudo de teu gélido

coração.

Não há mais força nas letras, nos versos

nem nas estrofes que possam trazer a vida, teu

coração e derrubar as barreiras de vossa razão...

Fortes demais feitos de rocha firme, presas,

impenetráveis a doce e simples magia desse velho

coração que lava alma dos olhos, e escorrega em

face e mãos buscando desesperadamente alcançar

teu coração...

Mas tudo é inútil e o brilho lentamente vai se

apagando e as cores, outrora tão vivas reluzentes

filhas da criação, começam a morrer.

As cachoeiras permanecem a desaguar os rios da

face, as mãos que a escrevem tentam segurá-la,

mais há força que não podem ser fisicamente

controladas, é espírito é divindade simplesmente

materializada em dor e saudade que arrebata toda

a vida e como sopro a corrói, devasta até as últimas

chamas da esperança guardadas no poetizar.

As músicas, as últimas sinfonias vão se indo, as

memórias se perdendo em meio a correria do destino

que não pode nos esperar, a saudade vai se diluindo

nas cachoeiras e o no alto mar que vez por outra

traz a maré cheia nos arrastando e nos jogando em

pensamentos que não queríamos mais encontrar.

Mas como fugir se tudo faz lembrar, reviver e

novamente amar, como fingir se fingindo já estamos

a amar, como esquecer se não se pode apagar

as tantas lembranças que me faziam flutuar, como

lutar quando não há mais forças e não resta mais

nada a não ser se entregar?

Como viver se não é mais permitido te amar e

te entregar a magia de cada verso que de mim faz

brotar? Como viver sem ouvir tua voz ou tua

boca beijar? Como viver quando a vida não mais

passa a lhe pertencer e o meu eu torna-se

inteiramente você?

Sem o poetizar e meu amor a entregar o poeta se

desintegra; não há sonho que mantenha mais sua

existência, não há mais vida nem magia que nele

coexista.

Sem o amor, perde-se o poder de poetizar, perde-se

os trilhos, os caminhos, e como areia no mar tudo

torna-se apenas marcas que o futuro rapidamente

faz questão de apagar.

Mas, foi preciso lutar, foi preciso acreditar, foi

preciso se entregar. Hoje, volto a ser apenas mais

um sapiensm, sem nada a pensar, apenas a pífia razão

a me assombrar e me fazer acreditar que o amor é

sonho, pura utopia dos lunáticos e seres apaixonados

que nada podem alcançar.

Por fim, nos mistérios da vida e de Deus, torna-se

preciso acordar, sofrer e chorar para assim crescermos,

se elevarmos, mas, por fim, um dia sempre voltamos a

dormir e mais uma vez, a sonhar, seja voltando a sonhar

as imagens e reflexos do passado ou as incertezas e

possibilidades que em forma de presságio, podem

torna-se realidade no futuro.

Daí o coração que adormecei poderá novamente se

renovar, reascender a chama, iluminar e novamente,

e mais uma vez, eternamente poetizar, sempre a

acreditar na magia e mistério que há nas infinitas

faces do amor.

Permanecerei um sonhador preso à realidade, mas

sempre, sempre um utópico sonhador, mantenedor de

utopias um filho do Amor, que vive por nele acreditar

e em suas asas para sempre se libertar.

PARA TODO O SEMPRE ...

Que um dia você possa estar pronta e aceite novamente me amar,

aceite novamente meu coração. Em mim você permanecerá.

19.01.13

Arthur Luz
Enviado por Arthur Luz em 19/01/2013
Reeditado em 06/02/2013
Código do texto: T4092874
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