No Precipício

Escrevo quando tenho sentimentos a serem descobertos,

Presos a beira de um precipício,

Prestes a cair em mãos erradas,

Prestes a se jogar para as profundezas do esquecimento.

Olhando para o escuro sem fim,

Olhando para o desconhecido prestes a surgir,

Sentindo um frio na barriga,

Sentindo um desejo de fugir disto.

Seria impossível um retorno,

Mas será que não seria a melhor coisa a fazer?

Sumir e depois ficar no esquecimento,

Como se nunca tivesse vindo à tona.

Ou voltar para os olhos dos homens,

Se expor ao mundo que nunca muda,

Sempre com os mesmos momentos,

Com as mesmas conseqüências.

Como não se acostumar com esses dias?

Só mudam as caras e os locais,

Não tenho vontade de voltar para essa vida,

Não tenho vontade de repetir o que todo mundo faz.

A escolha não foi feita,

A vontade ainda é pequena,

Na frente o precipício,

Atrás o mesmo suplicio.