Gotas silenciosas de dúvidas

De minha janela, observo a silenciosa ação gravitacional.

Gotas do meu telhado caem.

Pouco espessas e discretas gotas,

rompendo a dantesca massa de ar.

Atingem o chão.

A seca terra absorve todas suas infindáveis partículas.

Tudo se resume ao incoerente seco molhado,

de início de verão chuvoso.

Não formam poça.

Logo ali, sob a ação do imperdoável astro,

não haverá mais sinais de umidade.

Porém, talvez por alegria, venha a terra sorrir.

Nascerão ali flores,

adornadas de verde manso, delicado?

Não sei.

Deveria esperar para ver.

Seria a chance, de assim como a terra, minha face também experimentar da alegria.

Acontece que disperso e sozinho,

quieto e restrito à minha literatura,

talvez não torne a atentar para tais detalhes.

Ou quem sabe, quando o faça,

tudo ali já esteja morto,

seco e novamente sem vida.

Somente então quando tornar a neblina,

é provável que eu novamente me prenda às gotículas esparsas que rompem verticalmente esse cenário de indagações particular.

Farei, então, as mesmas perguntas,

terei as mesmas dúvidas,

e criarei a certeza de que, em vida, minhas dúvidas nunca serão respondidas.

Souza Rafael
Enviado por Souza Rafael em 13/08/2013
Código do texto: T4432627
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