É O Que Sobra No Caderno
Ocupando folhas e linhas com o mesmo pensamento
Sempre o mesmo motivo, causa, razão... O sofrimento
Lembrando e anotando cada lamento
Fico estagnado, parado, enquanto passa o tempo
Forçando rimas e organizações
Para trazer, resgatar o antigo estilo perdido
Perdido por sua causa, as mentiras instáveis, contradições
Fazendo-me ver que eu nunca poderia ter vencido
Passando a limpo e rasgando daqui para nada ser revelado
O que sobra no caderno é o congresso de um tempo atrás
No canto das folhas, fragmentos de uma ideologia antiga, esquecida jamais
Que também me traz a falta e a saudade que desde sempre tenho negado
Na madrugada você vem e volta e o caderno logo ali, logo ali
Com o copo na mão refaço a mesma pergunta para o vento
O silencio que se seguiu foi o mesmo de outrora pra mim
Enquanto vou lembrando, analisando e me convencendo... O peito vai doendo
Peito doente de amor, ódio, arrependimento, solidão
Quando tudo aparece de uma vez, se acelera o coração
No descompasso do tempo as rimas vão perdendo o padrão
O planeta cai e muda, me deixando sem nada saber
A cronologia de novo quebra... Minha realidade
Meu sentimento não obedece a uma linha contínua de verdade
Vejo que sou apenas mais um, ou só um diferente, negado, pela cidade, pela cidade
Negado, descartado... Jogado na cara por não saber viver.
Passando a limpo e rasgando daqui para nada ser revelado
O que sobra no caderno é o congresso de um tempo atrás
No canto das folhas, fragmentos de uma ideologia antiga, esquecida jamais
Que também me traz a falta e a saudade que desde sempre tenho negado
O silencio segue e sempre seguirá
As folhar que sobraram do caderno eu vou rasgar
Mas o peso da sua lembrança, a falta, eu sempre vou guardar.