Prece
Bateu-me á porta a teimosa esperança
Mas eu relutei a abrir.
Tive medo de haver esperança
E no abismo voltar a cair.
Implicante, tranquei o meu peito.
Com as chaves de minha amargura.
Afirmei não haver outro jeito
De estancar a antiga fissura.
No íntimo tão magoado estava
Já não via nenhuma beleza
E mantendo a porta trancada
Fiz de hóspede a minha tristeza.
Mas me enjoa este canto deserto
Em que insisto em permanecer.
Quero tanto lutar e decerto,
Respirar novamente o viver.
Oh, Meu Deus! Se não houver tua bondade
Pra que a coragem mais uma vez me assalte.
Faz que nunca diminua a vontade
Da esperança que em minha porta bate.