O Que a Pele do Outro Toca

Quem conhece a sensação de amar sozinho

E a tristeza que abate a alma,

E consegue manter a terna calma

Com o silêncio da indiferença?

Há dor mais doída

Do que a ausência escolhida?

Quantas lutas são travadas

No esvair-se do dia

No silenciar da noite

Até mesmo na manhã que se anuncia

Quem há de saber a cor da lágrima

Que cai calada

Lavando a menina dos olhos

Que antes sorria?

Cada dor ou cada alegria

É saboreada só

E por mais que se tenha parceria

Não se consegue viver

O prazer ou a dor

Que é do outro

E não minha...

Assim, a alma conhece,

Por experiência própria,

O que a pele do outro toca

Pois sentiu na sua própria

Algum dia...