VERSOS SANGRENTOS
Perambulo sozinho às madrugadas
Escondido entre uma sombra e outra
Queimando, rasgando todas as roupas
Que à minha pobre alma não serve mais
Pesam-me lembranças, essas cicatrizes
Prendem-me em emoções tão singulares
É inevitável recordar meros detalhes
Mesmo que isto me remova inteira a paz
Sigo pistas em busca de mim mesmo
Pensando em nossos loucos segredos
Nossas palavras e teus tantos medos
Tantas supernovas em teu universo
Vivi o que pude e amei sem precedentes
Senti-me frágil e benevolamente tão protetor
E senti o quão desconfortável é o amor
À medida em que sangramos verso a verso
Assim, seguem as noites tão turvas, vazias
Restando-me apenas mendigar pra viver
Assim, vou seguindo vivendo às sombras
Na impossível tarefa de enfim lhe esquecer.