Epitáfio
 
Sou um grito perdido
entre os múltiplos rostos.
Fragmentos expostos
nesse tempo vagido.
 
Sou, ainda, o tempo,
corrido, fluido,
no linho da pele
que sente o ruído
da falta de amor.
 
Sou o deserto em brasa
entre gerações, miscigenações,
que gemem no escuro,
paridas, partidas,
na mão do censor.
 
Sou a descrença da fé
desta humanidade,
que nasce uma flor
e vira dubiedade.
 
Sou o segredo da esfinge
que habita o poder.
Mas, que finge não ver
a lama do brejo
na capa de anjo.
 
E sobre essa égide,
um fio de quimera
de um lendário epitáfio,
orbita perdido,
entre a fé e a esperança,
no além das verdades
dos mitos e eras.
 
Edith Lobato