Dia de luto
Fogo, fumegante brasa, na ponta do cigarro
Lhe espremo sobre a minha pele como ato de rebeldia
Rebeldia a minha dor, surge rasgando uma bolha
Ardência vã, por ser passageira, me resta apenas libar a bebida amarga
Sinto tanto frio quanto no dia em que saí do útero materno
Tão reclusa quanto um monge ou um naufrago a deriva
Tão só como ninguém jamais ousou-se sentir
Com uma lâmina cor metal, faço desenhos cor vermelho vibrante
Lindos traços definidos de dor e miséria humana
Cada linha define uma gota de alívio num oceano de angustia
Neste retrato enxerga-se apenas um vermelho perturbador e confuso
Tantos pedidos de ajuda, tantos pedidos de clemencia
Porém foram todos ignorados, agora só se vê o vermelho perturbador
Ilusões não viram realidade, pedaços de vidro não são diamantes
E desertos não se tornam floresta, solidão é destino e não opção
E de vermelho pujante transformasse em breu
No dia de minha morte estarei tão lúcida quanto jamais estive