Dia de luto

Fogo, fumegante brasa, na ponta do cigarro

Lhe espremo sobre a minha pele como ato de rebeldia

Rebeldia a minha dor, surge rasgando uma bolha

Ardência vã, por ser passageira, me resta apenas libar a bebida amarga

Sinto tanto frio quanto no dia em que saí do útero materno

Tão reclusa quanto um monge ou um naufrago a deriva

Tão só como ninguém jamais ousou-se sentir

Com uma lâmina cor metal, faço desenhos cor vermelho vibrante

Lindos traços definidos de dor e miséria humana

Cada linha define uma gota de alívio num oceano de angustia

Neste retrato enxerga-se apenas um vermelho perturbador e confuso

Tantos pedidos de ajuda, tantos pedidos de clemencia

Porém foram todos ignorados, agora só se vê o vermelho perturbador

Ilusões não viram realidade, pedaços de vidro não são diamantes

E desertos não se tornam floresta, solidão é destino e não opção

E de vermelho pujante transformasse em breu

No dia de minha morte estarei tão lúcida quanto jamais estive

Aneleh
Enviado por Aneleh em 10/04/2014
Código do texto: T4764071
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