Falhas Memórias
Onde será que vamos parar?
Pisando em cacos
Tentando não cortar
A pele, a alma...
Pisando em falso
Tentando não contorcer
O corpo surrado, calejado
De tanto viver...
E a caixa da memória
Vai se extinguindo,
A divina caixa da memória...
E pedaços que restam são guardados
Agora numa caixa produzida
Por mão mortal
E que tal
Recolher tudo enquanto ainda dá tempo?
Tempo de lembrar
Onde tudo está
E abrindo e fechando
E dobrando e desdobrando,
Papéis...
E olhando e desviando o olhar
E lagrimejando e sorrindo,
Fotos...
Os rostos
Os momentos
Como flashes vem e vão
Com clareza uns
Outros com escuridão
Perdendo vagamente os sentidos
Segurando sem destreza
Os amontoados da existência...
E agora passando de mão em mão
Encontra-se exposta
Abre-se a caixa artesanal
E curiosos entendem o que querem
Pois o real sentimento fica desprovido
Sem significado,
Completamente indefinido...
Fecha-se enfim a caixa divinal
E a vida encarrega de entregar ao além
O que restou e até mesmo
O que não restou de nós.
E se seremos condenados
Já não nos interessa
Não nos cabe preocupar
Estaremos sem pressa...
Simone Neves Berbe Ama 28-07-2014