CASACO VELHO

Estava arrumando meu armário no final do outono, quando reparei um casaco velho. Retirei do armário e vi que estava fora de moda, o tecido gasto e decidi jogar fora.

Minha mãe perguntou: o casaco está bom, por que vai jogar fora?

Eu respondi: eu não uso faz anos, ele está ocupando espaço no meu armário, por que vou ficar com algo que não uso mais? Após minha resposta, minha mãe calou-se.

O outono acabou se apresentando o inverno, de dia fazia calor, mas a noite começou a esfriar. Já era tarde e fui dormir, deitei-me na cama e me cobri, mesmo assim senti muito frio, decidi levantar e pegar um casaco no meu armário, de nada adiantou, pois todos os meus “casacos novos” tinham um tecido fino.

Imediatamente, lembrei-me do meu casaco velho, que mesmo desbotado, fora de moda, seria capaz de me aquecer, com seu tecido macio e aconchegante. Fui até a sala com a esperança de encontra-lo, e para minha sorte ele ainda estava lá.

Vesti o casaco e me senti aquecido e confortável, como um abraço em um dia de inverno. Minha mãe nada surpresa perguntou: decidiu pegar o casado de volta? Sem graça respondi que sim.

Quantas vezes descartamos objetos e pessoas da nossa vida sem dar valor. Conselhos de uma pessoa idosa, descartamos uma amizade antiga por causa de uma discussão de bar. Um profissional que prestou serviço por anos, e só por causa das suas condições físicas e seu modo de pensar, já são consideradas velhas e obsoletas.

Casamentos são desvencilhados por causa das rugas da idade, o corpo flácido e o andar devagar, tornam-se justificativas para dar Adeus.

Portanto, cuidado ao excluir alguém da sua vida, pois a sabedoria está nas mãos do tempo, e se somos jovens, fortes e dispostos a dar a volta ao mundo significa que temos esse tempo para aprender com a vida e com os sábios que já percorreram longas estradas, pois quando a nossa velhice chegar, teremos muitas historias pra contar e conselhos pra compartilhar.

Valorize quem já percorreu uma vida, seja humilde, saiba ouvir, reflita e troque experiências com “os jovens (casaco novo) com os sábios (casaco velho) e vice versa”.

Não é porque ficou “velho” que perdeu o seu valor.