No torpor de um dia calmo
É nesse torpor maligno que as palavras fluem,
Enquanto bebo meu costumeiro gole matinal que tudo se torna real,
Quando as portas do mundo externo se fecham e minha máscara de bondade cai,
Quando o dia se torna noite e não mais preciso fingir ser algo que não sou
Nesse momento, a vontade carnal de dizer tudo aquilo que sempre quis se torna presente
Quando os gritos de um mundo vazio e sem sentido abandonam meus ouvidos,
E apenas o som distante de pássaros podem ser ouvidos,
O cantar triste de seres que julgamos inferiores, mas que no fim das contas são livres
Enquanto a fumaça do cigarro deixado de lado sobe,
Enquanto o calor de um dia de inverno se torna aconchegante,
Enquanto meras palavras escritas em um pedaço de papel tomam forma,
Nesse momento!
Neste exato e fugaz momento!
Me sinto vivo! Calmo!
Acalentado pelas sombras perdidas de um cômodo qualquer...
E as vozes que ecoam em minha mente me contam segredos antigos,
Passados por anos e anos de um esquecimento horrendo,
Uma melodia ecoa! E então tudo começa a fazer sentido!
Agora vocês podem me ler!
Conhecer esse pedaço tão estranho e manchado por dores que trago dentro de mim
"um sussurro e um beijo"