No limiar do fim
No limiar do fim a única coisa saudável que nos resta é a poesia
Aquela forma perfeita de contar sobre você mesmo sendo outro
...
Enquanto esse piano triste ecoa por meu quarto
Abafado, quente, vazio
Eu tento puxar pela mente palavras de um passado antigo
No qual solitário eu imaginava seu rosto na fumaça de meu cigarro
Entorpecido, drogado
Vejo uma silhueta em meio as brumas que saem por essa boca maldita
E agora, perdido em pensamentos, eu percebo o quanto de mim deixei cair, escorrer entre esses dedos sujos
Aquela promessa não fora cumprida...
E amarrado a fios vermelhos
Os olhos já fechados
As mãos cerradas em punho em uma prece à algo maligno
"Nakanai de mou hitori janai"
Não me importo em fingir
Em ser o que não sou, ou tentar ser o que não sou
Sou eu
Sempre foi
Sempre será
Apenas mais um perdido nessa tormenta de sentimentos idiotas e mesquinhos que não levam a propósito algum
O que nos resta nessa vida a não ser seguir em frente?
"amaku, kirei de, kowai"
A doce melodia se foi
O doce sonho se desfez
O que me restou foi um punhado de lembranças dolorosas
E um ódio guardado a sete chaves que consome vagarosamente minha alma
"iki wo koroshi"