Esperança Inércia de Mim

Procuro-me e não me encontro

Aos poucos o pouco de mim que tenho

Dissipa-se junto à esperança.

Perdi-me quando?

Quando não mais vi meu começo

Então do meio indo ao fim!

Uma invisibilidade toma-me conta

Nem minha própria alma, eu mais enxergo!

Então, sendo assim, eu não mais vivo.

Quando contei uma história para rirem,

Todos choravam.

Quando dei conta de que falava de mim mesmo.

Eu chorei,

Foi daí que todos riam!

Eu me dissipei...

Perdido pela multidão das minhas palavras

Pela inércia de uma esperança utópica

Eu me levei...

Eu fui como folha seca

Batendo-me pelas sarjetas

Do desprezo e do desengano

Como ondas em verdadeiro massacre

Açoitado pelos vendavais

No Cais de minha própria existência

Eu me enganei!

Eu me multipliquei por dois

Mas nem isso eu acompanhei!

Estou fardo de dias

Dias estes que aos poucos me dissipam

Deterioram meu eu!

Torno escravo de mim mesmo

Sou sobrevivente de mim mesmo

Sou resto de mim mesmo!

(Márcio Silva)