Poema sem futuro

o vazio fez-se capa

aderindo-se nos sentimentos

como um tecido disforme

em pretensão de casulo.

dá hibernação suitizada

a sono, atrofiado de asas

sedutoras de sonhos,

esticado pra ser infinito

há rumores apodrecidos do tempo,

longínquo lá fora,

com seus ponteiros desmanchados nas pústulas

das horas adoecidas.

há zumbidos dos redemoinhos maus cheirosos

revirando pós dos dias

cadavéricos do mundo.

seivas repugnantes transbordam

das pétalas que os jardineiros matam...

o que farão as borboletas

nessas primaveras de sangue?

encolho-me, quieta borboleta,

protegida e apertada

em uma morada

sem cor

sem pretender asas

para voos derrotados.

MarySSantos
Enviado por MarySSantos em 21/01/2015
Código do texto: T5109133
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