Ao Poeta
Beba desgraçado que a tua vida,
É apenas uma fagulha no crispar do mundo,
Ébrio, o suor na fronte ressequida
Foste outro maldito!Um poeta vagabundo!
Toma enche-te o copo vazio,
Tua alma vagueia em um lugar qualquer,
Na alma perdura-te verão frio
E nos lábios quisera beijar outra mulher!
Que loucura, beija-te o conhaque,
Agora fervilha a tua fronte tão nauseabunda,
Vê a lua? Tilinta no vapor do baque
Leva-te nesta desesperança assim profunda!
Tão negro este espaço sozinho,
Do sepulcro que enleva teu corpo retorcido,
Sentirás no último trago do vinho
Que para a posteridade por fim esquecido!
Erga-te a fronte, e enfim me aperta,
Que a hora fúnebre da morte já se aproxima,
Na tua lápide escrevo:- Foi um poeta
E morreu na ilusão de ter uma virgem menina