Sem Motivos Para Viver

Os pingos que ainda dispunha de alegria aos poucos se esvaíram

As tardes aromáticas nos fins de semana, viraram noites e sumiram

diante dos meus olhos, quando só em meu pequeno abrigo.

O ímpeto característico de minha pessoa abandonou-me sem motivo

A sinceridade que minha alma carregava deixou de ser um atrativo

para aquelas pessoas que de alguma forma tinham relações estáveis comigo.

Os pés descalços foram castigados pela terra que antes os confortava

As chuvas caíam asperamente por todos os lados, mas só a mim ela molhava,

enquanto todos à minha volta sorriam felizes e despreocupados.

Angustiado, eu chorei por minutos que pareciam eternos anos

As lágrimas iam de encontro ao solo rachado, e aqueles lindos planos

almejados com afinco, naquele momento estavam encerrados.

A vida me tirou tanta coisa! Num espaço de tempo bastante curto

Amigos incontestáveis que me admiravam, hoje viraram grandes vultos

Dispostos a infernizar a minha vida, e obcecados em mutilar os meus membros aos poucos e lentamente.

Queria compensar de alguma forma toda essa terrível agonia

Mergulhei de cabeça nas bebidas e drogas, mas não me trouxeram a estupenda alegria

que tanto busquei por noites e dias, capaz de erguer o mais fraco doente.

Nesse momento, permaneço nas ruas mendigando esmolas e repleto de fome

A minha alma está calejada, e a tristeza cretina por inteira me consome

como sempre faz: tirando o meu sono e inquietando o meu ser.

Estou literalmente no fundo do poço e nada pode ser pior do que isso

Não tenho filhos e não tenho mãe, não tenho emprego ou qualquer compromisso

que me devolva o mínimo de dignidade, motivos simples para viver.

Alexsandro Menegueli Ferreira- 28/04/2005