Momentos raros que ainda existem

Esta manhã me olhei no espelho, há tempos desde a última vez que o fiz

Estou mais azul do que de costume, e meus lábios partidos e rachados

batendo de frente com mau hálito e olhos inchados.

Uma figura morta, que geme momentos de vida, no cariz.

Apenas momentos

Quando estalo os ossos , e nos 3 segundos de bocejo

no café que tomo, e na merda do vaso.

Fétidos fragmentos.

Meus versos estão cada vez mais escassos

outrora me vi , esgotando cadernos e cadernetas.

Algures , existia , tinha sangue nas veias

Hoje procuro estreitar os espaços vagos.

E nada de poético há , na chuva que cai lá fora

nada de amor existe, no perfume da roupa intima

nem que quisesse eu poderia

Lhe escrever poesia agora.

Sou enrustido , pagando de poeta, que só escreve quando esta triste

Pois estando feliz, canetas e papéis não me apetecem

versos , ensaios, poemas, todos eles desaparecem

pois tenho de aproveitar os raros que ainda existe.

Robert Ramos
Enviado por Robert Ramos em 10/03/2015
Código do texto: T5164992
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