CINZAS

Como posso seguir sem as gotas de luz do teu olhar?

Sem a cor, sem o brilho, sem uma vida líquida?

Eu nada encontro fora de mim além de ti.

Tenho a certeza que és o meu caminho;

A trilha quebradiça onde encontro equilíbrio.

Quando todos os caminhos se fecharem,

Tu estarás no fim do túnel?

Se a selva fechar sobre mim, o meu coração há de enxergar?

As veias ocultas do meu corpo se aguçam, por certo irão estourar,

Não terás mais o meu sangue, a minha agonia terá fim,

Longe das tuas mãos, na estremução de um amor que finda.

Mantenha a porta fechada, os anjos às vezes são de carne.

Vindo a chuva cair sobre a minha cabeça, terei porventura alivio?

Quando o cupim minar as pernas da tua cama,

Qual será o peso do meu corpo, da minha alma, do meu adejar?

E se a tristeza te consumir?

Não faça dos meus ossos cópias de pérolas no teu pescoço.

Só há uma certeza, somos dois crucifixos distintos e inimigos na fé que

Poderia nos unir na crença de um amor que jamais seria imortal.

Pedro Matos

Pedro Simao Rocha Matos
Enviado por Pedro Simao Rocha Matos em 12/05/2015
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