RIO DE LÁGRIMAS
Um rio acaba de nascer.
São tímidas nascentes
Fabricando bolhas,
Gotas de lágrimas da terra
(que também são minhas).
O rio já existia dentro da terra.
Já corria dentro de mim,
Água pura, cristalina e vermelha,
A íris dos meus olhos é o leito.
(Uma grande e terrível pressão
Expulsa do meu interior os
Resíduos que contaminam o rio.
A nascente ganha força).
Por quais caminhos navegará?
Em que oceano há de desaguar?
O meu rio abre caminhos;
Sabe da seca que mata o meu corpo.
O rio no seio da terra,
rega as raízes, gera vidas.
Meus olhos choram,
desenfreada corrente de incertezas!
Pedro Matos