Bobo da corte Brasil

Meu Deus... Livrai-me do mal, amém...

Lá se vai mais uma parcela faraônica do meu suor,

Já estou suando sangue e não tenho mais nada para dar aos ricos...

Querem a minha arte? Ei-la que se esvai pelos torpes vãos

De uma ignorância prevista e calculada.

Ela já não vale quase nada, mas tomem!

Por favor! Até quando vou viver essa agonia

Arrancar do meu próprio espírito

O que já não tem mais na carne?

O meu sono já não dorme nem acordado,

O meu tempo acordado de viver é sono profundo...

A quem pertence a minha paz, senão a mim mesmo?

Ah, ruptura... Onde é que te escondes?

Até a montanha da qual me viria o socorro,

Já foi vendida e extirpada...

Os espíritos da mata virgem vagam sombrios

Entre as novíssimas ruínas dos castelos de concreto...

Nasce uma flor de sublime ilusão que chora e me diz:

"Rasga as paredes de tu'alma, varão...

Esculpe nela os teus desencantos poeta;

Pois o teu papel é de tolo, em papel de tolo

E, em papel de tolo tinta não pega...

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 21/05/2015
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