Bobo da corte Brasil
Meu Deus... Livrai-me do mal, amém...
Lá se vai mais uma parcela faraônica do meu suor,
Já estou suando sangue e não tenho mais nada para dar aos ricos...
Querem a minha arte? Ei-la que se esvai pelos torpes vãos
De uma ignorância prevista e calculada.
Ela já não vale quase nada, mas tomem!
Por favor! Até quando vou viver essa agonia
Arrancar do meu próprio espírito
O que já não tem mais na carne?
O meu sono já não dorme nem acordado,
O meu tempo acordado de viver é sono profundo...
A quem pertence a minha paz, senão a mim mesmo?
Ah, ruptura... Onde é que te escondes?
Até a montanha da qual me viria o socorro,
Já foi vendida e extirpada...
Os espíritos da mata virgem vagam sombrios
Entre as novíssimas ruínas dos castelos de concreto...
Nasce uma flor de sublime ilusão que chora e me diz:
"Rasga as paredes de tu'alma, varão...
Esculpe nela os teus desencantos poeta;
Pois o teu papel é de tolo, em papel de tolo
E, em papel de tolo tinta não pega...