FLOR DE IR EMBORA.

A flor de ir embora se abre em prantos.

As plantas do desencanto cobrem a face do jardim;

Verdinhas, elas enganam até os mais atentos olhares...

Ainda têm que ficar cravadas um tempo ou dois.

Pródigos e vertiginosos os sonhos se abrem;

Alguém poliniza o âmago de para onde ir;

Não são rosas, hortênsias, gardênias;

Tampouco maravilhas, que povoam o solo;

São rumos cegos de histórias que teimam em não ver;

Que cessam de gostar, de viver as harmonias,

Pois essas nasceram para serem filhas da música,

Não para satisfazerem desejos encolhidos.

A flor de ir embora é pura em pensamento;

Nos prados, voa amiúde e sem alarde...

Antes, nem caminhava direito, não precisava...

Caminhar não era preciso assim como o viver não é;

Se o vento assolasse ela perdia pétalas

E embaraçavam-se os seus ventricilios florais.

Ah... Rumo de flor quando não são os olhos...

Os olfatos harmônicos dos seres salvos...

Quando as pérolas se espalham sem carinho...

E todos os sentidos não se cristalizam

Em torno de um núcleo de razão amor...

As musas não mais inspiram o poeta

E a poesia procura encantar outros amantes.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 29/05/2015
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