FLOR DE IR EMBORA.
A flor de ir embora se abre em prantos.
As plantas do desencanto cobrem a face do jardim;
Verdinhas, elas enganam até os mais atentos olhares...
Ainda têm que ficar cravadas um tempo ou dois.
Pródigos e vertiginosos os sonhos se abrem;
Alguém poliniza o âmago de para onde ir;
Não são rosas, hortênsias, gardênias;
Tampouco maravilhas, que povoam o solo;
São rumos cegos de histórias que teimam em não ver;
Que cessam de gostar, de viver as harmonias,
Pois essas nasceram para serem filhas da música,
Não para satisfazerem desejos encolhidos.
A flor de ir embora é pura em pensamento;
Nos prados, voa amiúde e sem alarde...
Antes, nem caminhava direito, não precisava...
Caminhar não era preciso assim como o viver não é;
Se o vento assolasse ela perdia pétalas
E embaraçavam-se os seus ventricilios florais.
Ah... Rumo de flor quando não são os olhos...
Os olfatos harmônicos dos seres salvos...
Quando as pérolas se espalham sem carinho...
E todos os sentidos não se cristalizam
Em torno de um núcleo de razão amor...
As musas não mais inspiram o poeta
E a poesia procura encantar outros amantes.