E o resto...é esquecimento

Regressarei ali

onde o tempo sepultou

minhas ilusões

procurando na impaciência

que os ventos perfumam

o odor mascarado de longínquos

beijos quando agendámos

no mesmo dia aquele

cardume de abraços que ficaram

estáticos

afogando-nos nesse mar sazonal

ancorado na dor silente

que estóicos reportamos

nesta noite breve renascida

em cada um de nós

em lâmpejos de amor tão profilático

– O resto…é esquecimento

quando as palavras rolam

ladeira abaixo

desgovernadas pelos

barbitúricos apelativos

que ingerimos mal adormece

a noite

e nós apaixonados incorremos

tolos

caudalosos

neste fado que ressoa

emblemático na transgressão

de vida pendente

que morre olvidada em mim

– Vejo, ouço,lembro

o majestoso timbre que flameja

entre nós

Reparto o sol em gomos de luz

melancólica

que insinuante ainda flutua

Lunática

tentadoramente frenética

por entre tristes sabores

que degustei tão mediático

Fito-te nos olhos

descrevendo novas órbitas

meridionais

Aplaco a raiva destinada

a esta linguagem onde

se oprimem astutas todas

as lástimas gritando em silêncios

um pranto prévio de vida

um instinto exalado no teu perfil

surgindo anónimo

em recolhimento…em ausências enfáticas

– O resto…é esquecimento

alheamento

dias insolúveis

manhãs prometedoras

vazios repetidos

saudades dramáticas

muito tempo de duração

quase ilimitada

tantas promessas que se abeiram

traumáticas

sempre iguais num verso

acariciando-te repetitivo

deixando-me doido

envelhecendo nesta solidão

aleatória

povoada desse

aditivo que se chama gratidão

e nós apressadamente apagando

as labaredas da vida

vivendo nossa combustão espontânea

submissa …tão cutânea

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 08/06/2015
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