Nós em nois

Já não sei do amor que me foi dito,

Nem do amor que quiseram falar.

Já não sei se é bendito,

Ou um maldito a se calar!

Anda em teu caminho e cumpra a sua lei,

Pois a vida cobra em dobro os retornos impostos.

Não abandone o rebanho, mas acompanha a sua grei.

Anda na linha e espera o trem passar que eu te acompanho.

Já nem sei o que pensar, nem para que lado ir.

Não sei para quem lutar e nem como devo agir!

Abraço a hipocrisia e não consigo largar...

Você que julga o ladrão, mas rouba;

Está no mesmo mar a derivar.

É tanta coisa junta que misturado desaparece o gosto.

Que desgosto, que desgosto...

É tanta coisa meio amarga que eu tento adocicar.

Prefiro tirar o gosto, sem gosto, mal gosto!

Há tanto "nós" a me enrolar

Que o nó se junta...

Um "nós" que não quer desapegar...

E um cachaça que nos inunda!

No final das contas nunca desperdicei uma gota de tinta

E quase nunca escrevi o que realmente queria expressar,

Certas poesias deveriam ficar guardadas como um quadro que não se pinta.

Porque há a certos sentimentos que não merecem ter cor ao nosso olhar!