Após o vendaval

Foi vendaval que arrastou tudo

Eu sinto o abalo

Os pilares desabaram

Eu queria poder

Juntar o que restou

E guardar em um baú

No sótão escuro e vazio

Como a noite escura e vazia

Mas não posso

Não posso colocar os sentimentos no papel

E escondê-los

E esquecê-los

Guardá-los para que me deixem em paz

Em paz

Como a paz do mar que sustenta as ondas

Das ondas que quebram na areia da praia

Da praia que abraça o infinito

Desenhado pelos firmamentos

No fim do mundo que não tem fim

Eu queria colocar tudo no baú

Chavear e esquecer

Que a vida continua depois do vendaval

Mas eu não posso

E não poder amedronta

Porque não saber o que fazer

É desespero da tempestade dos olhos

Da aceleração progressiva do coração

Que vezes quer explodir

Encontrar os ares

Libertar

Eu queria poder

Mas não posso deixar

Tudo acabar,

Sem antes tentar

Reconstruir as estruturas

Após o vendaval

Juny Hugen
Enviado por Juny Hugen em 19/06/2015
Reeditado em 19/06/2015
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