Após o vendaval
Foi vendaval que arrastou tudo
Eu sinto o abalo
Os pilares desabaram
Eu queria poder
Juntar o que restou
E guardar em um baú
No sótão escuro e vazio
Como a noite escura e vazia
Mas não posso
Não posso colocar os sentimentos no papel
E escondê-los
E esquecê-los
Guardá-los para que me deixem em paz
Em paz
Como a paz do mar que sustenta as ondas
Das ondas que quebram na areia da praia
Da praia que abraça o infinito
Desenhado pelos firmamentos
No fim do mundo que não tem fim
Eu queria colocar tudo no baú
Chavear e esquecer
Que a vida continua depois do vendaval
Mas eu não posso
E não poder amedronta
Porque não saber o que fazer
É desespero da tempestade dos olhos
Da aceleração progressiva do coração
Que vezes quer explodir
Encontrar os ares
Libertar
Eu queria poder
Mas não posso deixar
Tudo acabar,
Sem antes tentar
Reconstruir as estruturas
Após o vendaval