Sem Ancora

Como seria se a maior grandeza do mundo

não estivesse na tua forma de olhar o escafandro nas nuvens?

Não há olhar tão terno que me embebede como o teu.

Ai, de mim! que ainda me visto de saudade

tentando acalentar-me do frio que perfura a carne e o sono...

E que não tivesse olhos tão negros e tempestuosos se movendo para dentro do mar.

Ah, se todos os tolos ousassem! Eu estaria entre os

grandes fracassados que cativam a esmola da pleroma.

E até o carnaval saberia da minha tristeza!

Mas, mal sei se existe gélida leviandade de tua parte.

Não me entrego a outra verdade, se não a que pior

me resguardar do mundo.

A vida é o principio da tristeza; não há véspera,

não há porvir. É o manto negro que cobre o sol

durante os dias que a flor murcha e vira pó em meio as dunas do deserto.

Admito-me fraco e com total perda de sensatez.

Mas, quem em precatório estado seria capaz de entregar

as nuanças do esquecimento seu ultimo verso de inquietude sofrimento?

Ah, da vida eu já não espero mais nada! Não respeito o meu futuro.

Meu barco segue levado por águas rasas. Vilipêndio o mar do mundo!

Arremesso a ancora sem sua corrente para a encosta do rio.

Levo a sabedoria como à única lembrança.

A frustrada melodia!

O infinito do vento que carrega o meu lamento.