O Que Pensam os Porcos?
Encontro-me sobre uma tábua rochosa
Cinza, esquecida e apagada
Nem quente, nem fria
Morna e horrorosa.
Não há ninguém ao redor
Nenhum som, humano ou animal
A atmosfera, entretanto, é grotesca
Tortura-me ver a palidez que outrora tanto me encantava.
Começo a sentir um odor fétido
De bosta invadindo minhas vias aéreas
Começo a ansiar, como um porco antes do abate
Porcos sabem quando sua vida está para findar, e fenecem.
Portanto pareço-me convulsionar
Tão loucamente que a rocha sob a qual estou começa a ferver
Como chapa de lanchonete, inicio o processo de derretimento espontâneo
Não quero virar vapor, não quero submeter minha existência à uma chapa de lanchonete.
Sinto uma pontada esquisita nos flancos
Similar à de um espeto agudo e guloso
Cheiro de sangue e bosta no ar
Vou morrer, pensava o porco antes do abate.