CENÁRIO

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Pernoitar em si, adormecer de si, acordar sem si...

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Os dias escorem

são como rios que passam ligeiros

fazendo tilintar sem volta o ponteiro das horas

pondo o pão, negando o vinho.

Os dias não findam

e essa continuidade descontinuada

desfaz, refaz, emenda, interrompe caminhos

moeda de muitas faces que vive redemoinhos.

Os dias são badalos de sinos

anunciando o sol, ressoando o riso,

percutindo o som da lágrima do olho insone

que em vigília procura a lua que vive dormindo.

Os dias são labirintos

galerias que entrecruzam-se solitárias

emaranhados de instantes- passagens-

onde não há paragens apenas o infinito fio.

Os dias são desafios

que no interlúdio desafinam queres

que vestem-se comedia, dramatização

trechos da vida em atos que decompõem a composição.

Os dias são caracóis

conchas espiraladas que recolhem pó

que espelham e desdobram sombras

matizando-as ao seu bel prazer no escolhido tom.

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JP21082015-12:30

Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 21/08/2015
Reeditado em 21/08/2015
Código do texto: T5354195
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