OLHAR MÍOPE, TEMPO TENEBROSO

Não temos lírios todos os dias

muito menos borboletas nos quintais

talvez um sol para a-cor-dar

talvez um orvalho morto, sem brilho.

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Quando o escorpião mora no sapato

a meia não se transforma em coro

o sangue é derramado todos os dias

se o mal nos espreita, os olhos ficam míopes.

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A sombra tende a morrer; o corpo se esconde

os rios secam; o dilúvio vem nos raios do sol

os sonhos serão sempre serpenteados

um ninho de cobras abraça a doce esperança.

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Os lírios nos acompanharão um dia

o escorpião abandonará nossos passos

a sombra será sepultada, aniquilada

talvez um sapo orquestre a chegada do inverno.

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Pedro Matos

Pedro Simao Rocha Matos
Enviado por Pedro Simao Rocha Matos em 26/09/2015
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