Insânia contemporânea

Fósforo usado, apagado,

bola esquecida no gramado,

pincel sem tinta e guardado.

Carro com o motor trancado,

silêncio de solidão, mau amado,

assassino preso, crime tramado.

Assim é a relação do homem

com o eterno, com o Ser maior.

Ao menor sinal divino, somem.

Embora seja individual,

a espiritualidade também

precisa de todos, porque é dual.

Contrariedade, rosto amarrado,

tempo quente, sem chuva, abafado,

cabra amofinado, sem voz, calado.

Vestido amassado, mau engomado,

horas que se foram, dia passado,

desamor triste, acabrunhado.

Seria natural e até normal

estar em consonância com o cosmos,

mas insistimos num balé letal.

Dois passos para a tragédia,

dois passos para o caos, próximos

e distantes de uma Idade Média.

Estilete que não corta, acabado,

prato sujo, emporcalhado,

observância esquecida, ódio tomado.

Campo abandonado, nada cultivado,

comprometimento extenuado,

vida que não volta, conhecer errado.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 02/10/2015
Código do texto: T5401899
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