Olhar Atento
O fim, próximo de ti se aproxima,
Roubando teu fôlego e tornando teus dias densos.
O céu, já rubro,
Descortina-se por detrás de grossas nuvens cinza prata;
O convite à desistência do corpo cansado é inevitável,
E deitado sobre a relva fria tu contemplas o horizonte.
Repare na beleza da violência,
A forma cruel como o mundo inteiro golpeia o solo com gotas ácidas,
Carregadas de fuligem a água corrói a seiva verde,
Degrada seu íntimo,
Deturpa o solo onde fincastes raízes.
Agora, no solo encharcado de crueldades e horrores impensáveis,
A erva podre que cresce,
Percorre tua carne fraca,
Entranhasse em teus ossos,
E te transforma na mais bela flor viva e corrupta.