Mais um dia de trabalho

Tudo começa com o barulhento sinal,

informando a todos ali presos que o inferno começou,

depois disso não há como voltar... Tudo escurece,

e ainda não me acostumei ao fato de estar sozinho lá.

Vejo os mesmos rostos a quase um mês,

mas nada sei deles,

talvez sejam mais um na multidão feito eu,

só sei que estou no mesmo inferno que eles.

As vezes, tenho que disputar o trono,

quem vai ser o rei dessa vez?

quem vai pegar as navalhas cortantes do chão,

sem deixar cair uma gota de sangue.

Tenho tanto medo,

já não ouço os pássaros cantarem,

e muito menos o vento nas arvores,

é como tudo que eu conhecesse... Apenas não existisse mais.

Eu não consigo chorar,

ao perceber que o único som que ouço,

é o da broca rangindo no metal,

eu posso sentir-las.

Parecem dezenas de facas afiadas,

perfurando meu corpo... E dilacerando a minha alma,

tenho tanto medo que isso não acabe,

é como se fosse uma eterna tortura.

Onde eu não possa me expressar,

mas sei... Que aquilo vai ter um fim,

é quando o barulhento sinal,

da um grito de alivio.

Informando a todos,

que por mais que tenham sofrido,

isso tudo os esperavam pela manha seguinte,

e nada poderíamos fazer.

E eu...

o único momento do dia, em que eu me sinto livre,

é quando saio daquele maldito inferno,

e venho para casa.

E sinto as poças de água explodindo no pneu da bicicleta,

os pássaros em seus aconchegantes ninhos dormindo,

e o forte vendo da tarde em meu rosto,

não penso em nada nesse momento... Mas sei de uma coisa.

Nada e ninguém podem me ferir,

porque naquele momento... Eu sou imortal,

e realmente livre,

no caminho de volta para casa.

Thiaguinhu
Enviado por Thiaguinhu em 29/06/2007
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