Lágrimas do mar

Abre-me todas as janelas

sobre o teu mar

onde caibam somente as

lágrimas em deriva

repentinamente

em teu seio mergulhar

Naveguem todos os barcos

por teu mar

onde a foz se embebeda

de amores

por amanheceres casta

do tamanho de todos os oceanos

só pra mim

oh tu que ladrilhas

o silêncio dos meus beijos

afogados em lágrimas

de tanto mar

Vou a cada anoitecer

contornar-te as margens

preenchendo os vácuos

de solidão que fervilham

entre suspiros semeados

nos ventos que albergam

cada sonho desfiando

neste meu pulsátil coração

descarrilando em ondas de temperança

e louca conflagração

Deixo que os aromas

primaveris sepultem toda

a nascente onde jorra o tempo

costurado em naperons de palavras

póstumas e refinadas de meresias

Na longitude mais além

quando te contemplo pelo vértice

de tempo

sei onde me embriagar com

cada milagre de vida neste aguaceiro

onde bebo todo o oceano

e emolduro teu retrato despindo-se

em torrentes de amor numa procissão

exuberante

e depois lapido cada labareda

do teu ser

que desejo delirante

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 16/01/2016
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