Parede cinza
É assim toda vez
Abro um sorriso mofado e distante, que já nem sabe sorrir
Acostumado ao choro da alma, do tédio e da insensatez.
Que é forçado a se retrair, pra ela poder dormir.
Que curva abaixo do cobertor, tem as mãos debaixo do travesseiro
E o cabelo em meu rosto
Deslizam em meus dedos, em meu fedor
de cigarro amargo de filtro vermelho.
Mas é assim toda vez, acabo em linhas lúgubres
Com dó de mim mesmo, por não a conduzir direito
Me sinto a torre derrubada no xadrez
Pela rainha soberana , que do amor não sofre o efeito.
Mas deixa assim, quieto em posição fetal
As cortinas que pintei em imaginação, irá um dia sacudir
Por mim
Pra me dar moral.
Daí, já pode começar a rodar as horas
E que despenque a cama deste quarto, comigo em cima
Porque de outrora choro até hoje as memórias
Em riscos perversos em parede cinza.