Parede cinza

É assim toda vez

Abro um sorriso mofado e distante, que já nem sabe sorrir

Acostumado ao choro da alma, do tédio e da insensatez.

Que é forçado a se retrair, pra ela poder dormir.

Que curva abaixo do cobertor, tem as mãos debaixo do travesseiro

E o cabelo em meu rosto

Deslizam em meus dedos, em meu fedor

de cigarro amargo de filtro vermelho.

Mas é assim toda vez, acabo em linhas lúgubres

Com dó de mim mesmo, por não a conduzir direito

Me sinto a torre derrubada no xadrez

Pela rainha soberana , que do amor não sofre o efeito.

Mas deixa assim, quieto em posição fetal

As cortinas que pintei em imaginação, irá um dia sacudir

Por mim

Pra me dar moral.

Daí, já pode começar a rodar as horas

E que despenque a cama deste quarto, comigo em cima

Porque de outrora choro até hoje as memórias

Em riscos perversos em parede cinza.

Robert Ramos
Enviado por Robert Ramos em 10/02/2016
Código do texto: T5539271
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