Mutação

minha alma escorreu

pelo bueiro como água da chuva,

na densidade do escuro

deixou de ser cristalina

misturada à lama impura

a vaidade encharcou meus olhos

turvou meu discernimento,

cega e ignorante

não fiz a curva certa

e me perdi

o amor empedrou minhas articulações

quando não o deixei fluir

para abrir passagem

a dor abriu um vale

varrendo com correnteza

as sujeiras que acumulei

vem vontade de chorar enquanto escrevo

suspeito que lágrimas invisíveis caem, pois estou seca

tal qual um sonho de dias antes num árido deserto:

um cavalo corria descontrolado sem cabeça

o cavalo tinha força

mas estava sem discernimento

como eu

aceito e transformo minha natureza

em abelha, voando pra longe

da tristeza

Jady Tariane
Enviado por Jady Tariane em 10/02/2016
Reeditado em 28/03/2020
Código do texto: T5539344
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.