Me deixa ficar

A dor, por mais terna, tenho que sentir.

No que é do amor, não hei de intervir.

Das recordações tenho com o que ferir.

Sobre o que sobrou desse lastro, não menti.

Não sei, nem nunca soube, quem não ficou.

Se me pedirem para voar, não fui e não vou.

Quando seu sorriso reluziu, não me encontrou.

E se perguntou por mim, silêncio restou.

Agora seu olhar é poeira assentada no mar.

Minha lábia e sua voz, punho cerrado no ar.

A respiração e o armário, vazio sem par.

Na angústia carente do nó na garganta, me deixa ficar.

Álvaro Marcos Teles
Enviado por Álvaro Marcos Teles em 09/05/2016
Código do texto: T5629869
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