MAZELAS

Nuvens anunciando tempestade.

Um vento frio e cortante queima a tez.

Dias negros, outra vez,

escancarando a eternidade.

Raízes arrancadas totalmente,

não brotarão mais flores no seu lugar.

Rolando desenfreadamente

no final do precipício não vai parar.

Não se ter onde ficar

dentro de si mesmo.

O que não se tem, jogar

para fora, a esmo.

A flor negra, desbotada,

não vai mais causar danos.

Outras cores surgirão nas estradas

construídas, nos anos

que foram destruídas.

Já não importa mais o desfiladeiro

nem a distância às terras deixadas antes do parto.

À elas, o retorno será verdadeiro, derradeiro.

Finalizando o que não teve inicio, mas farto.

Se haverá dores, ou risos já não tem importância.

As lágrimas fizeram jus à trilha.

A enfermidade cravada pela ignorância

vai abrir a mola da armadilha.

Liras não tocarão com dedos suaves.

O ferro incandescente se fará presente.

Não há diferença neste dias, nesta nave,

que está presa em ares ferventes.

Quem sabe, estrelas se abrirão

e seu tripulante viajará entre elas.

Podendo repousar, um pouco seu coração,

até que em outra nave, voltem as suas mazelas.

Dyoni Fil
Enviado por Dyoni Fil em 19/05/2016
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