Saudades e Ocasos
Marulhos da eternidade em pardas tardes
Ao imenso pé do oceano arquejante,
Onde as ondas vão, trafegam o ocaso
E aqui depõe o largo hino espumante.
E o sol o adeus exclama indefinido,
Prenhe o céu no rubor que embebeda;
Oh vinho tinto e melancolisado
Que dores outonais celebra!
Tudo paira nas rampas do infinito,
Tênue véu de despedidas suspenso
E a Luz fecunda,já ascendendo aos astros
Mergulha no dorso do silencio imenso.
As urnas da saudade, barcas de meu peito
Acordam das regiões cá bem profundas
E barcarolam suas harpas de outroras
Numa Veneza de torpezas fundas.
Distende avelã o triste pensamento
Por alvas baias de momentos sudariados
Vai por levar,oh nau dos meus aflitos
A nostalgia itálica de ocasos tardos.