Pretérito

Há um ser divino

Que vive em um paraíso,

Muito além do que pode-se imaginar,

Muito além de qualquer lugar.

Ele tem sua maneira,

Sempre é uma surpresa

O jeito que ele traz velhas recordações

Dos bons momentos, de boas ações.

Por vezes, noutros olhares

Recordo-me das grandes palmeiras

Que observava enquanto estavas a passear.

Aquele vento contínuo,

Derrubavam sem intenção alguns cílios

E meus olhos começavam a lacrimejar.

E, por algum motivo, esse era o momento certo para me recordar.

E surgiam outras histórias,

As velhas memórias

Que davam vida a minha imaginação

E traziam consigo alegria para meu coração.

Ah... Aquele tempo pretérito,

Que hoje fica em eterno mistério,

Aprisionado no fundo do meu coração

E esquecido nas profundezas da minha razão...

Ah... Aquele pretérito tempo

De intensos momentos

Repentinos, serenos

Agitados momentos.

Momentos, memórias

Recordações, histórias.

Saudades, agonias

Tempos de eterna alegria.

O que aconteceu com aqueles tempos?

Cadê todo aquele divertimento?

Onde está aquela criança que costumava ser eu?

O que acontece... A criança cresceu.

Aquela inocência deu lugar ao pudor.

Aquele desleixo se transformou em rigor.

Aquela criança ambivertida trancou-se em um lugar desconhecido

Dando a chance desse adulto antissocial assumir sua identidade como nunca fora prometido.

Cadê todo aquele brilho infantil?

Aquela despreocupação?

Porque depois da fase juvenil

Tudo estilhaçou meu coração?

Toda alegria, toda razão,

Toda bondade, tudo o que há de bom

Foi desaparecendo e dando lugar a verdadeira realidade

E, assim como outros ao redor, ganhei a famosa máscara que oculta todas as verdades.

Aquela máscara " Eu estou muito bem!"

Enquanto por baixo dela " Não aguento mais ninguém".

Toda aquela vida de mentiras

Transformam-se em verdadeiras agonias.

A realidade é controversa,

Dura e perversa.

Então eu pergunto: " Onde está aquela criança que costumava ser eu?"

E, para minha imensa tristeza, o que acontece?

...

" A criança cresceu..."

Luís Fernando Pedro Paulino da Silva
Enviado por Luís Fernando Pedro Paulino da Silva em 06/06/2016
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