Carrocel...

Derramo um líquido refúgio dos vivos

Gotas cristalinas e salgadas

Águas de um mar represadas

Murmúrios escondidos

Desatinos...

Um peito bate insistente

Diz a mim...

A vida é mesmo assim

Gangorra de emoções...

Ou talvez seja picadeiro...

Domador com seus leões

Ou foice que decepa canaviais

Corda bamba de ilusões...

Palhaços e riso dos circos

Tempestade em desfiladeiros

Bola de neve que desce

Montanha abaixo

Desço ofegante as dunas

Em deslizantes caminhos

Talvez caia em riacho doce

Decerto não sei onde a estrada termina...

Se há rio ou mar...

Se há areia lá pra onde vou...

Deixo o vento cortante me levar...

As faces ficam róseas com o frio...

Os olhos cansados se adornam

Com auréola de verde musgo

Verde profundo

Ás vezes calo e fico muda

Misturo-me à paisagem

De quando em vez

Descem os meus rios...

Tingidos de vinho

A cor do amor...

Amor... Amor...

Tão infinitamente cantado

Ao senti-lo esqueço que sou

Somente uma mulher desejante...

Nesse afã de querê-lo me dou...

Sem apelos...

Transmuto meu corpo

Em versos e reverso

Bordo a dor e enfeito a alma

Teço os tons e coloridos sons

Solfejo notas irreais

Canto uma canção

Pra traduzir

O que não sei dizer

Sobre meus nós...

Meus sóis

Meus azuis

Um sim

Dito só pra mim

Agora eu vou...

Esvai-se

A palavra

Em mim...

Fim?

Joselma de Vasconcelos Mendes
Enviado por Joselma de Vasconcelos Mendes em 16/07/2007
Código do texto: T567676