A sinfonia de um defunto

mi

si

E começa um novo dia

silencioso e triste

de um mancebo cadáver

sem o amor juvenil

as armas que utilizava

o inimigo o feriu.

Nona sinfonia de um cadáver

décima melodia da ninfa morta

eis a musa múmia

estarrecendo no vendaval do jasmim

na orquestra dos mortos

nos funerais dos rins

eis me aqui

na trama da vida

um ex-querubim.

A sinfonia de um defunto

um susto,alguns dizem

a tristeza,outros dizem

é a realidade de um amor sem fim.

Toca Mozart

no acordeão da vida

que jaz putrefata

como navio pirata

a sinfonia de um defunto

e um amor do jardim do nada.

Toca Raul

para além das veredas

toca a vida

para além dos cometas

na melodia singela

a sinfonia do defunto mescla

a solidão e a tristeza

a alegria e a nostalgia

o amor e a magia

nesta terra de pura fantasia

a sinfonia de um defunto

é o terror das noites frias.

A sinfonia de um defunto

o amor que se perdeu

aqui jaz a amada

o eterno eu

foi embora para o reino da tristeza

quimera apetecida

na nau da desarmonia

a desolação encanecida.

A sinfonia de um defunto...

Augusto dos Anjos(Poeta do Eu)
Enviado por Augusto dos Anjos(Poeta do Eu) em 30/06/2016
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