Relatos de um fazendeiro

Hoje, conseguiram não sei se por obra

Do acaso,

Destruir todas as cabeças de gado

Que há muito tempo trabalhei

Para sustentá-las.

Nesse instante

Vejo a minha vaca malhada

A escumar no chão,

Quase pedindo água.

Cena esta, que nunca imaginei,

Tanto amor tive por ela

E agora estou a vendo morrer

Sem poder ao menos ajudá-la.

Mas a frente vejo

Minha outra criação,

A vaca leiteira,

A minha fabricante de qualhada

E de queijo,

Partindo desse mundo

Sem uma gota de água

Que a sustente,

Pobre animal!

Grande dor que o controla

Em direção à morte.

A diante vejo também

Meu boi gigante,

Este imenso animal

Que pesa mais de uma

Tonelada

A se debruçar no chão.

Passei o dia inteiro

Tentando entender

O porquê não temos bastante Água,

que consiga suprir nossa necessidade

aqui no nordeste,

Para que tenhamos uma vida digna

E sustentemos nossos animais.

Peço, que se porventura

Alguém puder me ajudar,

Posso pagar por esse favor...

Sou apenas um pagador de impostos

Clamando por justiça.