Mormaço das estações

Você olha para os lados buscando,

estendendo as mãos para pessoas apressadas,

um fantasma na multidão de um inverno constante,

seus passos são tão suaves que nem és notado,

seu capuz cobre seu rosto perdido nas sombras do passado,

o barulho abafa sua voz há muito não utilizada,

enquanto os dias passam no mormaço das estações...

Você sobe em um terraço para ver o mundo de cima,

nova perspectiva para ampliar sua compreensão,

tanta mesquinhez, tanta pequenez que sentes a pressão,

o mundo não está preparado para suas cicatrizes,

o aparente é o belo refletido num espelho superficial,

seus ouvidos doem com as sirenes de alerta contra o perigo,

as torturas daqueles que não conseguem seguir em frente...

Você sabe que pular seria tão fácil,

cair sobre as ondas do tempo que se esvai no relógio,

parar o tempo no congelamento das emoções diárias,

integrar-se ao concreto do chão que o aguarda,

desfazer o pedido de socorro sufocado pelos egoísmos alheios,

mas tudo o que faz é observar e regressar a si mesmo,

sobrevivendo mais um dia no velho espectro de suas memórias...