Entre Lamentos

Ainda sinto o peso do ouro em meu dedo anular,

Desejados quilates sem nenhum valor.

Enxergo em sonhos reais a porta de casa,

Uma vez ali concebido um antigo lar.

Ainda sinto nossas mãos e corpos entrelaçados,

Seu nome junto ao meu,

Dois sobrenomes então desconhecidos, enlouquecidos.

Um formigamento no peito agora me engana,

Talvez seja o passado largado, esquecido deitado naquela velha cama.

Meus filhos tão seus, perdidos entre nossas dúvidas tão certeiras.

Os trilhos que nos guiaram sumiram em túneis que desmoronaram.

Inocência fingindo perdão, seu olhar.

Inquietude vivendo fictícia absolvição, traição.

Me perdi quando disse sim naquele altar.

Por que não me permiti viver em solidão?

Como guiar na contramão?

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 28/09/2016
Reeditado em 28/09/2016
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