Confiteor

Se mentiras explicasse o necessário

Se a única verdade estivesse no obituário

Se a alegria transpirasse no teu vestuário

Se cura derramasse do prontuário

Como se perdoar fosse automático

Almas ingênuas, puras e segredos enigmáticos

Com meus conflitos internos emblemáticos

Com a dureza fria dos cálculos matemáticos

Para desembarcar minhas circunstâncias

Preciso de um porto

Para descarregar minhas insignificâncias

Possuo um corpo

Que fé tem sido o meu forte?

Nestas ondas salgadas que me tocam

Não há braços e abraços que conforte

Desta ausência que me marcam.

Henrique Rodrigues Soares – Canibais Urbanos