Descolorindo

Preto e Branco

Tingindo o firmamento de fingimento;

Lá se vai o pincel por todo o céu...

Com as cores as do meu lamento.

São cores de puro fingimento.

Como pode existir cores?

Como posso colorir com cores de mentira?

Com as cores desta grande mentira.

São tons em preto de branco...

Preto dos lamentos e fingimentos;

Branco de toda essa falta de sentimentos.

Preto em suas escalas degrades;

São hora fortes hora fracos.

E o branco é pura ausência

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Paleta

Nas cores que somem eu crio minha paleta.

Vermelhos fogem das rosas, do fogo, e da boca;

Azuis, se perdem do céu, das balas de anis, e dos sonhos;

Amarelos, do sol, do ouro, dos girassóis, das gemas e da alegria.

O v e n t o o s l e v a m . . .

P a r a l o n g e l e v a m . . .

A p e n a s s o p r a o v e n t o . . .

Descolore a paleta, perde-se os tons

Apenas o vento colorido se vai e some;

Sopra vento também as lembranças . . .

Sopre vento, vento sopre apenas sopre, vai sopre . . .

S o p r a n d o m e a j u d e , a j u d e v e n t o . . .

A esquecer toda essa cor que descoloriu...

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Cores do sol

Cadê as cores da mulata faceira?

O cravo e canela do tempo e da cor.

Hoje já não tem mais a cor e sabor

Pois já não trocaste o amor pelo desamor

Desarma a essa marra que traz como arma;

E faz da minha alma casa da sua sua calma.

Mas como não a queres tal a minha alma feres.

E vais descolorindo sem pena o desenho e rindo.

Vais... Vais rindo, descolorindo e ferindo peito.

As areias ficaram manchada, marcada e chagada.

Mas tenta descolorir o sangue que me esquenta.

Mas faz com que os versos e a poesias arrebenta.

Vai tenta... E eu imprimo sua cor no preto marrenta.

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Anoitecer sem cor

Quando o dia ao leito desce, as cores esvanecem!

E o horizonte que era colorido ao preto e prata decresce.

Somem as luzes e as cores que nasceram o preto cresce.

A paleta multicolor desvanece diariamente em uma prece.

Ao entoar da Ave Maria as cores começam apagar ...

Ao fim da prece coletiva o sol ao final do mundo desce;

Os pássaros em cantavam em um galho seu canto calam.

As crianças acabam a farra junto ao canto da cigarra.

A paleta multicolor chora a quieta e solitária a sua dor.

Descolorindo os céus e o chão, e tão boba assim sorrindo.

E o dia vai descolorindo a viola aquecendo o peito sorrindo.

Explode o poema e a canção, que agora é a solidão sorrindo.

Pois o dia vai sorrindo e descolorindo... Indo, indo, indo, indo.