O JARDIM DAS ÉPOCAS

NO SILÊNCIO DOS PASSOS

EU SINTO A SOLIDÃO CHEGAR.

O SOL SE FOI, E O TEMPO DE COR CINZA

TOMA CONTA DO MEU JARDIM

AGORA PARECE PO MAIS SOMBRIO DOS CEMITÉRIOS

ONDE ALMAS REPOUSAM NO MISTÉRIO ...

O VENTO HUIVA, E OS GALHOS ACOMPANHAM

A DIREÇÃO DO TEMPO QUE ALI ENVELHECEU...

OS PÁSSAROS LEVANTAM VÔO,

E SAEM EM VELOCIDADE

QUEM HÁ DE GOSTAR DE MUROS DE PEDRAS,

FOLHAS JÁ SECAS,

ROSEIRAS SEM ROSAS E BANCOS VAZIOS?

SOMENTE OS FANTASMAS QUE ALI ACHARAM

UM CANTO ESCURO PARA SACIAR SEUS AMORES;

SOMENTE OS ASSASINOS QUE ACHARAM ALI

UM LUGAR OCULTO PARA CALAR SUAS VÍTIMAS.

ALISE SE OUVI O CANTO DO DESESPERO ENTERRADO.

ESSE LUGAR GUARDA HISTÓRIAS

QUE SÓ UM GRANDE JARDIM PODE CONTAR

É O JARDIM DE PESSOAS... ONDE PLANTA CORPOS

E NASCE ANGÚSTIA E MEDO.

O SILÊNCIO REPOUSA NA SOLIDÃO DESSE CENÁRIO.

E O QUE EU DIGO EM LETRAS,

É UMA POESIATRISTE, CHEIA DE PÊSAR

ESSE JARDIM, QUE UM DIA SERVIU

PARA GRANDES FESTAS, EMOÇÕES, ALEGRIAS E SEGREDOS,

AGORA SERVE DE REPOUSO DO FRIO;

BEM COMO PARA GUERREIROS

QUE NÃO DEVERIA TER PERDIDO A GUERRA...

NESSE JARDIM DE ALMAS, ESTOU A VAGAR PENSANDO:

"PENA NÃO MAIS EXISTIR PARA REVIVE-LO"