Resto

Tudo o que restou é nada,

o que restou é o que foi destruído,

é o que foi roubado e banido.

Nada me resta, senão o vazar da alma.

-Meu corpo febril assentado no leito,

o suspiro pesado e a dor no peito.

Tudo o que restou é o rosto no espelho,

indigno de realidade.

O tempo parado.

-O piscar dos olhos, o sacrifício expresso num grito.

Vês o que resta de mim,

arranque-me um sorriso ou mate-me pelas entranhas.

Tudo o que restou é forma,

é finja, é levar os lábios às bochechas

e não às mãos.

Tudo que restou é sombra,

Tudo o que restou é resto,

Tudo o que restou é nada.